Vitórias
Vitórias
22/04/2016
Arquimedes Estrázulas
Pires
Morremos um pouco todo dia, desde que nascemos. Todos os
dias nos aproximamos um pouco mais daquele momento final, de cada existência,
que nos ensinaram a chamar de... morte. E não importa quanto tempo nos
demoremos desde o nascimento até lá, porque nada é definitivo no existir do
Universo, exceto Deus.
Tudo é relativo no transcorrer de cada existência e tudo
está relacionado à herança de nós mesmos; tudo está decididamente relacionado
com as escolhas que, existência após existência, a vida exige que façamos.
Livre arbítrio é o nome do instrumento que o Grande
Espírito colocou nas mãos de cada um de nós, pra que aos poucos possamos
evoluir. E então nós, Espíritos, “criados à imagem e semelhança do Criador”,
evoluímos aprendendo e aprendemos fazendo.
Podemos dizer que aprendemos com a dor, com as
dificuldades, com a tristeza, com as dúvidas, com as lições do dia a dia.
Aprendemos com os sonhos que não realizamos por medo de falhar, aprendemos com
a certeza de que se houvéssemos tentado, poderíamos ter conseguido superar o
medo e... chegar lá. Aprendemos quando nos desapegamos e então percebemos que
nada nos pertence por inteiro, exceto aquilo em que vamos nos transformando,
tempo afora. Por isso Divaldo Franco diz que, ao chegar o dia da grande viagem,
“aquilo que temos, nós deixamos; e aquilo que somos, nós levamos”.
Aprendemos com as realizações importantes, com as
certezas que vão nascendo na justa medida das vitórias alcançadas, em primeiro
lugar sobre nós mesmos e depois sobre as pedras do caminho e os ditos “moinhos
de vento”, contra os quais lutava Don Quixote, e que pra ele se afiguravam como
grandes e imaginários inimigos. Inimigos fantasmas, que só existem na mente de
cada um de nós e que cada um de nós pinta, vê e teme à sua maneira. Uma maneira
absolutamente particular, de sentir, ver e... temer. Seria muito bom se cada um
de nós também pudesse acrescentar, no fim de tudo, a palavra... vencer!
Vitória, deveria ser a última palavra em todas as coisas que nos propomos
fazer; inclusive ao final de cada existência.
Mas não somos vitoriosos quando narradores e mídia gritam
que somos, e nos colocam sobre pedestais, que hoje se chamam pódios, e nos
nomeiam campeões seja lá do que for.
Não; não é assim!
Somos vitoriosos somente quando o nosso EU grita para nós
mesmos e de braços abertos corre pelas pradarias da alegria e da satisfação de
ter feito bem feito o que nos propusemos fazer. Quando sentimos que fizemos o
melhor que podíamos fazer, então sim, somos vitoriosos!
Seria muito bom, se a cada final de ciclo a vida nos
desse um ramalhete valendo um abraço a ser recebido daqueles que aprenderam a
nos querer bem; porque então a saudade, sozinha, não seria suficiente pra fazer
a tristeza de ninguém, quando fôssemos embora e déssemos um adeus a mais, e um
novo até logo. E haveria ramalhetes que deixaríamos nos braços, nas mãos e no
coração de todos, pra que entretidos com eles não percebessem que estávamos
indo embora uma vez mais. E quem sabe só percebessem quando de novo
estivéssemos voltando, cheios de alegrias e missões novas.
E aprendemos ensinando o que aprendemos e compartilhando
o que já sabemos fazer. Porque vamos nos tornando bondosos, enquanto aprendemos
e sabemos mais e, quando sabemos bastante e nos tornamos bondosos, então nos
tornamos humildes. E os que sabem ser, fazer e existir, e o fazem com bondade e
com humildade, são tratados pela vida como... sábios! Virá o tempo em que
muitos de nós seremos um! E então será muito bom, porque os sábios não se
preocupam em ir embora quando chega o trem da vida, esse ser fenomenal que
chamamos morte, mesmo sabendo que a morte assim não existe, se mantém calmos;
justamente calmos.
A morte é vida, como a vida da semente que morre sob a
terra fria e do seu interior deixa brota um novo ser, verdejante de esperança e
cheio de boas energias pra dar. É quando a natureza exulta de alegria e o mundo
sorri, então mais rico, porque enfeitado por um novo ser; habitado por mais uma
partícula da grande obra de Deus. A morte, como a sabemos... não existe. Deus
não daria fim à Sua Obra. Nem mesmo às minúsculas partículas que a compõem.
Nós, a porção inteligente da Criação, só compreenderemos
Deus, o Grande Espírito Criador, quando suficientemente perfeitos para
compreender que as lições difíceis são indispensáveis, que as provas são o
certificado de que estamos prontos pra seguir adiante e que, pra alegria de
sábios e ignorantes de tudo, tudo o que experimentamos, circunstancialmente ou
não, é imperativo. Ou isso, ou não chegaremos lá longe, onde a perfeição nos
espera.
Deus nos abençoe!
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