Mercado da fé
Frei Betto Como os supermercados, as igrejas disputam entre si a mesma clientela. A diferença está em que eles oferecem produtos mais baratos e elas prometem alívio ao sofrimento, paz espiritual, prosperidade e salvação. Mas não há enfrentamento nessa competição. O que há, são prejuízos explícitos em relação a outras tradições religiosas, em especial as de raízes africanas, como o Candomblé ou a Macumba e, claro, à Umbanda e ao Espiritismo. Se não cuidarmos agora dessa desarmonia de expressões religiosas distintas da nossa, poderemos terminar, em futuro próximo, em atitudes fundamentalistas, como a “síndrome das cruzadas,” ou seja, a convicção de que, em nome de Deus, o outro deve ser desmoralizado e destruído. Quem mais incomoda se sente com a nova geografia da fé; a igreja católica. Quem foi rainha não perde nunca a majestade, diz o ditado. Nos últimos anos o número de católicos no Brasil caiu em cerca de 20%. Hoje ainda ocupamos 73,8% da população religiosamente ativa, mas nada indi