A melhor idade
A
melhor idade
13.11. 11
Arquimedes
Estrázulas Pires
Discordo
de Voltaire, o grande pensador e filósofo francês, quando diz que "um ancião é uma grande árvore que, já não
tendo nem frutos nem folhas, ainda está presa à terra".
Porque
vejo em quem viveu além da média de idade das pessoas do seu tempo, o arquétipo
da experiência acumulada, do conhecimento adquirido e da sabedoria em marcha.
Portanto, uma categoria que poderia ajudar – e muito! – na melhoria da vida
planetária, não fosse relegada às condições de indignidade a que amiúde a vemos
relegada.
Um ser que viveu além dessa média e
embora isso não determine um padrão, tem alguma experiência
interessante em certas áreas da atividade humana, em tese adquiriu
conhecimentos de relevância e pode ajudar. Evidentemente reconhecemos que não
são pessoas sábias apenas aquelas que viveram além da média; há muita gente
jovem, irradiando sabedoria.
Sabendo que a existência
humana não é espetáculo de um ato só, cronologicamente falando a idade física
não tem nenhuma importância e não exerce nenhuma influência no nível de ser,
sentir e saber, de alguém; as experiências vivenciadas pelo espírito, que é a
essência do ser hominal, sim, determinam maior ou menor posição no ranking
evolutivo. O volume de experiências demanda tempo e não se acumula em apenas
uma viagem pelo plano da matéria sólida.
Assim,
catalogar pessoas de vida longa como sendo velhas, idosas, da terceira ou da
melhor idade, não é adequado, porque não somos o invólucro que em cada tempo
serve de veículo ao espírito que retorna à vida física. Somos a individualidade
universal personificada pelo espírito que somos; nada senão isso!
Tenho
ouvido que pessoas de idade mais avançada são pessoas “da melhor idade”; qual é a melhor idade, afinal? Nas convicções que
tenho adquirido enquanto caminho pela vida não há nenhum parâmetro
classificatório desse atributo. Porque já consigo compreender que a melhor
idade é aquela em que me comporto com mais cordialidade diante do meu
semelhante, em que sou mais afeito à prática do bem, quando não me perco em
divagações inconsequentes ou em julgamentos desnecessários, quando uso meu
livre-arbítrio como o melhor indicador que possa utilizar para avaliar meu
desempenho espiritual. É a idade que me dá a necessária lucidez sobre quão
imperfeito ainda sou e sobre o quanto ainda preciso melhorar meu desempenho,
etc.
Enfim, estou convencido de
que a melhor idade é aquela em que consigo me mostrar às pessoas como realmente
sou e quando sou visto por elas como uma pessoa do bem. Independente do
calendário!
Outra coisa que me faz
discordar do pensador é que só pelo fato de não
ter nem frutos e nem folhas não se pode afirmar que uma árvore - grande ou
pequena – já não pertence à terra; ou à vida. No outono a maioria das árvores
deixa que suas folhas caiam; é assim que preservam suas energias para
renascerem na primavera. Não importa se alguém as vê como mortas e não importa
se ninguém se importa com elas; o fato é que renascerão e desta feita mais
bonitas, floridas, produtivas e resistentes.
Conheço pessoas de
extraordinária força interior, que têm hoje muito mais utilidade aos
semelhantes que as rodeiam, do que jamais tiveram até então. Conheço pessoas de
extraordinária beleza d’alma, que só são assim por conta das folhas que
deixaram cair em outros outonos da existência! Conheço pessoas que, não
obstante o muito que sofreram, continuam rindo, transferindo alegria,
inspirando confiança, transbordando energia e despertando vontade de viver.
Nesse
particular mágico que a vida inspira é que pessoas e fadas se confundem com as
energias divinas e produzem amor, esperança, confiança, força e fé. E pra quem
não crê nas fadas, não custa perguntar o que seria da vida se nos fosse roubada
a capacidade de sonhar? Carinhosamente digo que as fadas são a identidade secreta de Grandes e Bons
Espíritos que nos restauram o sentido da vida, nos fortalecem para ultrapassar
obstáculos e provas, nos dão esperança, nos assistem na caminhada e nos fazem
bem. E se estão encarnados ou não, é apenas um detalhe que em nada diminui sua
importância!
Ser considerado velho é ser
avaliado como coisa; e as coisas são diferentes de pessoas. As coisas não têm
espírito, não sentem e não sabem ser; são só acessórios eventualmente
necessários ao existir. As pessoas, não. As pessoas são – necessariamente - a
própria existência! Deus fez o Universo assim.
Independentemente de que
idade você tenha ou tenham os que te fazem par ou companhia, saiba que é da
soma de todas as idades da tua alma que é feito o ser que você é. É de se
imaginar que quem já passou por onde hoje passamos, saiba sobre a estrada
adiante, mais e melhor do que sabemos nós.
Em razão disso é que
peço licença ao mestre Voltair pra trazer seu pensamento à luz da Nova Era,
modificando-o em seu sentido central e redizendo-o assim: “Um ancião é uma grande árvore que, embora
já tendo produzido frutos e folhas, ainda está na terra para enfeitar novas
primaveras e engrandecer a vida. E não tem importância se é um homem ou uma
mulher; todos somos sementes de esperança e Deus!”
*** *** ***
Comentários