Roni - O guarda morto.
Roni
O guarda morto
13/07/2015
Arquimedes Estrázulas Pires
"Um
dia meu pai estava no Parque Barigui e viu um guarda municipal conversando em
inglês com um estrangeiro. Ele achou muito interessante a cena, porque o guarda
falava tão bem em inglês, que ele é quem parecia o estrangeiro.
Semana
passada eu estava no parque com meu pai e encontramos este mesmo guarda. Fomos
conversar com ele e ele nos contou que fala 5 línguas e até já conversou com o
embaixador de Israel. Também nos contou sobre o seu trabalho e disse que não
acreditava que o uso da violência melhoraria a segurança.
Nós o
parabenizamos e o guarda ficou muito feliz por ser reconhecido; acredito que
isso tenha feito o dia dele melhor.
Ele
era Roni. Um cara muito simpático, atencioso e muito dedicado.
Meus sentimentos aos familiares e obrigada,
Roni!"
Giulia Kamantschek Montemurro
Os desmandos, os maus exemplos, a impunidade, a
desesperança, a necessidade quase absurda de buscar alternativas que deem uma direção
nova à vida, que motivem positivamente, que façam as pessoas sentirem vontade
de melhorar a si mesmas e de viverem melhor, têm promovido a banalização de
tudo. A desassistência, os acidentes no trânsito, os desgovernos, o desrespeito
à propriedade, à família e aos mais velhos, a tributação escorchante, o homem
no espaço, a evolução da ciência... tudo está banalizado. A vida e a morte
estão banalizadas! As pessoas não se emocionam mais, diante de uma ou de outra
coisa!
Nada mais emociona a
humanidade! É como se Huxley nos induzisse ao “Admirável Mundo Novo” e nos
capasse todas as emoções, como àqueles seres produzidos em série, nos
laboratórios que magistralmente concebeu em sua literatura futurista e não
refletida, embora já há mais de meio século.
O admirável “Roni” está por
todos os lados, em todas as partes e em todos os parques; e nós nos recusamos a
vê-lo. A humanidade, engessada em suas emoções – que também se banalizam! – se
recusa a vê-lo. Porque se deteriora, banalmente, um pouco mais a cada dia que
amanhece.
Que pena!
Meu agradecimento especial a Giulia
Kamantschek Montemurro,
cidadã curitibana que teve a sensibilidade de se manifestar, emocional e
emocionantemente, sobre este episódio tão significativo e tão “deixado pra lá”,
pela maioria das pessoas; como em tantos outros fatos de igual ocorrência e
tristeza.
Digo que somos as marcas que vamos
deixando pela vida. A Giulia, por esse depoimento que registra a sua
sensibilidade ainda não vencida pela banalidade reinante em tantos lugares e
tantos corações, deixa uma, importantíssima. Que a sua emoção seja capaz de nos
fazer pensar, sempre que um fato assim seja capaz de nos tocar o sino da
emoção.
Obrigado, Giulia Kamantschek Montemurro;
continue mostrando a tua capacidade de se emocionar; o mundo precisa dela.
Obrigado à família do Roni, que foi
capaz de lhe transmitir princípios tão importantes e capazes de levá-lo a produzir exemplos tão dignos de admiração e aplauso. Mesmo considerando a tristeza registrada ao final da sua história, é importante lembrar que nada acontece por acaso e que em tudo há um propósito do Grande Espírito Criador.
Sejam abençoados.
Sejam abençoados.
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