O ÓDIO - Parte 2 de 2





Arquimedes Estrázulas Pires
            
            É magnífico o “conhecer”, não é mesmo?!
            Continuando, vamos passar para o lado mais funcional do que estrutural, do Perispírito; dissemos que ele é a matriz do corpo físico e o arquivo permanente do projeto original do corpo que neste momento utilizamos. Útil saber que este corpo agora utilizado ou, o modelo dele, foi projetado ainda no Plano Espiritual, sob a orientação de equipes especializadas e responsáveis pela reencarnação de todos os Espíritos.
            Em cada nascimento ou reencarnação, o Perispírito traz todas as características físicas de que o indivíduo será portador e todas as informações relativas à sua dívida cármica. É o Perispírito quem vai trazer o registro das expiações que o nascituro terá que passar e das missões e provas que deverá cumprir. Não porque seja obrigados a isso, mas porque a evolução do Espírito exige que experiências sejam somadas às já acumuladas, que acertos de contas aconteçam, que mais conhecimento seja somado ao cabedal existente e etc.
O Espírito que vai reencarnar participa da elaboração do programa reencarnatório e é o Perispírito o veículo modelar que o acompanhará durante o tempo programado em cada estágio na matéria.
O Carma, também conhecido como “Lei de Causa e Efeito” ou “Lei do Retorno” trazido ao conhecimento geral quando Jesus Cristo determinou que “a cada um seja dado segundo suas próprias obras” [Ap. 22:12],  pode ser comparado, na verdade, a um livro-caixa onde estão registrados os créditos e os débitos; não só em relação a nós mesmos, mas também em relação àqueles que durante algum tempo dividiram ou ainda dividem espaços da vida, conosco.
O próprio Jesus Cristo nos garante que “o plantio é facultativo, mas a colheita é obrigatória”[Gálatas 6: 7 a 10]. Significa dizer que só colheremos daquilo que houvermos plantado; não há nenhuma possibilidade de que as coisas aconteçam diferentemente. Portanto, tudo o que vai, seja pensamento, sentimento ou ação, volta. E sempre volta acrescido das energias acumuladas durante o ir e voltar. E se não for agora será no tempo de Deus; mas, seguramente, será!
Em certo sentido podemos dizer que o Perispírito é comparável a um pen-drive; o que vamos fazendo, pensando ou dizendo – de bem ou de mal - vai sendo gravado aí. É a preservação da memória que o Espírito leva para o mundo espiritual por ocasião da morte do corpo físico, para a necessária decodificação e armazenamento na Memória Espiritual. Quando de lá voltamos para uma nova viagem na matéria, trazemos novamente o nosso “pen-drive” com toda a programação da nova existência, detalhadamente gravada.
O que chamamos de “memória espiritual, memória ancestral ou memória cósmica” é o registro de todas as experiências desenvolvidas e de todo o conhecimento adquirido pelo espírito ao longo de sua trajetória existencial, que é eterna. A correção de falhas e o resgate de dívidas contraídas durante dada encarnação, poderão ser resolvidos ainda na mesma estada na matéria ou em reencarnações posteriores, conforme a dimensão e os desdobramentos da falha ou da dívida.
Há certos sentimentos e certas atitudes da pessoa humana que queimam suas chances de evolução rápida e transformam cada reencarnação em interminável calvário, doloroso e desnecessário.
André Luiz assegura que é possível programar a próxima reencarnação, agora mesmo. E, com efeito, isso é possível apenas com a prática do bem, em todas as suas nuances, se o indivíduo deseja uma próxima reencarnação tranquila e útil; ou, práticas ilícitas, abusadas e imorais, se o contrário for a preferência.
De todo modo a reencarnação é a manifestação inconteste da misericórdia de Deus, que através dela permite ao Espírito chegar à perfeição no tempo que ele próprio determinar. Mais rapidamente, aquele que melhor utilizar seu livre-arbítrio; mais demoradamente, aquele que preferir os prazeres da matéria em lugar das alegrias do conhecimento e da Luz.
No Evangelho de João há o relato da visita do fariseu Nicodemos, príncipe judeu, a Jesus e do diálogo travado entre ambos:
“- Rabi, bem sabemos que és um Mestre vindo de Deus; porque ninguém pode fazer as coisas que tu fazes, se Deus não Estiver com ele.
- Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus, responde Jesus.
- E Nicodemos contesta: Como pode um homem nascer de novo, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer outra vez?
- E Jesus esclarece: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que é nascido da carne é carne e o que é nascido do Espírito é Espírito.”
O Mensageiro do Cristo não poderia ser mais preciso nessa informação! Porque é através das reencarnações sucessivas que o Espírito evolui e é através delas que a Justiça de Deus se materializa.
É ao perceber a dúvida não compreendida de Nicodemus que Jesus enfatiza a necessidade de o homem “... nascer da água e do Espírito.”
A Água, desde os primórdios da história do conhecimento humano já é tida como importante elemento na origem da vida. Na tradição filosófico-religiosa dos hebreus a água é matéria fundamental; é o elemento que estimula a vida. No Livro de Gênesis [Gen. 1:2], o primeiro livro do Pentateuco, de Moisés, está escrito que “... o Espírito de Deus se movia sobre as águas...”
Emmanuel, guia espiritual de Chico Xavier nos lembra de que “os modernos conhecimentos científicos atestam que as primeiras formas de vida, desde a concepção, se fazem no ambiente aquoso, seja a própria constituição do gameta feminino como o masculino, de cuja fusão (água) nasce o novo corpo, que adquirindo personalidade diversa da que possuía antes (espírito), recomeça o cadinho purificador, expungindo males e sublimando experiências para entrar no Reino do Céus”.
Elementar, portanto, entender que “nascer da água” não significa outra coisa senão... reencarnar. O que significa voltar à carne, voltar à vida na matéria, para continuar acumulando experiências e conhecimento.
Todos os males praticados pelo ser humano terão que ser “despejados” novamente na terra através do corpo físico. Isto é feito à custa do sofrimento, através das deformidades físicas, pelas deficiências físicas ou mentais, pelas dificuldades vivenciadas em todas as circunstâncias vividas. É desta forma que, dizem os Mestres da Alta Hierarquia Espiritual, livrando-se do carma, o espírito evolui para a Luz, para o esclarecimento Universal e para Deus.
Se o perdão, a caridade, o amor ao próximo, a prática do bem, o amor a Deus, etc., são os grandes remédios para a alma, na outra extremidade dos acontecimentos podemos destacar, dentre a imensa lista de “venenos” com que o espírito humano se autoaniquila, pelo menos quatro sentimentos: a Inveja, o ciúme, a vingança e o ódio, com destaque para este último.
O ÓDIO é um sentimento que castiga, de tal maneira, quem o sente que, muito mais do que causar angústia e agonia enquanto é sentido, traz consequências sempre desastrosas para as futuras reencarnações; isso atrasa – e muito – o programa evolutivo do Espírito. Além de ser um sentimento burro, porque só sente sua carga deletéria, quem odeia; jamais quem é odiado. Este, na maior parte das vezes nem fica sabendo de tal sentimento nutrido por outrem a seu respeito.
            Pensando um pouco mais, veremos quanta utilidade há em ouvirmos a recomendação de Jesus sobre “amar as pessoas que nos têm indiferença, ódio e desprezo”.
            Sobre esse ato de amar às pessoas que nos desejam o mal ou que nos odeiam, Fénelon, teólogo católico apostólico romano, poeta, escritor e  grande pensador francês [1651-1715], diz o seguinte: “O sacrifício que nos força a amar os que nos ultrajam e perseguem é... penoso; mas é exatamente isso o que nos torna superiores a eles!”
E vai além: “Não vos esqueçais que o amor nos aproxima de Deus; e o ÓDIO nos distancia Dele”.
Já comentamos que “os distúrbios psíquicos, como a depressão e outros desequilíbrios mentais ou emocionais, ocorrem pela proximidade de espíritos sofredores ou obsessores que, em razão da falta de esclarecimento e sentimentos nobres, são atraídos pelas energias negativas que vibramos.
No Evangelho Segundo o Espiritismo, no Capítulo 10, está escrito que: “A morte não nos livra dos nossos inimigos. Muitas vezes os espíritos vingativos perseguem com o seu ódio, além do túmulo, aqueles a quem continuam odiando.”
Bem a propósito disso, Em Mateus, 5: 25-26 encontramos o conselho do Mestre Nazareno: “Se estiveres fazendo a tua oferta diante do altar e te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ao pé do altar e vá primeiro reconciliar-te com teu irmão. Só então volte e faça a tua oferta.”
Diante da seriedade de tais recomendações torna-se notória a consciência de que não há nenhuma caridade “mais ou menos sincera” e nenhum “meio amor ao próximo”. É imperativo que haja pureza de pensamentos e sentimentos quando houver disposição de servir ao próximo. E quando o fizermos... que seja por inteiro.
Os Espíritos da Alta Hierarquia, que auxiliaram à equipe de Kardec nas obras da Codificação do Espiritismo nos legaram, pelas páginas do Evangelho que então detalharam Segundo os novos conceitos que traziam sobre O Espiritismo, o seguinte ensinamento: “Esqueça o mal que te fizeram e não pense senão no bem que puder prestar. Aquele que conhece os ensinamentos do Cristo sabe que é e será, eternamente, responsável perante Deus pelos pensamentos que tiver, pois Deus os Conhece a cada um.
Devemos ser destituídos, sinceramente, de pensamentos e de sentimentos rancorosos. Deus sabe o que está no coração de cada um”.
E concluem: “Feliz daquele que pode adormecer, cada noite, na certeza de que não guarda nada contra o seu próximo!”
O ÓDIO, tema deste singelo trabalho, é a paixão que força as pessoas a desejarem o mal a alguém.
O ÓDIO, como todo sentimento negativo, “é um lixo que deve ficar com quem o produziu”, diz o Espírito Miramez.
Todos os sentimentos negativos ficam gravados no PERISPÍRITO e parte da sua influência mórbida é drenada para o corpo carnal, causando doenças e tornando a pessoa que os manifesta, predisposta às mais diversas enfermidades; inclusive psicológicas.
Por outro lado, pessoas que procuram praticar as virtudes aconselhadas pelo Evangelho de Jesus Cristo, constroem melhores condições de defesa, não só contra o ÓDIO, mas contra toda e qualquer energia negativa que a elas possam ser endereçadas.
Mas então - alguém pode perguntar – por que é que pessoas sabidamente más, bandidas e tiranas, não adoecem gravemente e na mesma proporção do mal que praticam, como seria de se imaginar?
O Espiritismo esclarece que “quanto mais atrasado é o espírito, mais grosseiro, denso e pegajoso é o seu PERISPÍRITO. Por isso tais pessoas podem conviver tranquilamente com o próprio lixo espiritual que criam. Nem por isso estão livres da responsabilidade por tudo o que criaram”.
De outro lado, quando a pessoa pratica o bem, estuda, adquire conhecimento, melhora comportamentos, hábitos, conduta e... evolui, seu PERISPÍRITO vai se tornando cada vez mais sensível, menos denso, mais fluídico, mais puro, mais delicado e cada vez menos material; isso reduz drasticamente a tendência às práticas que comprometem, diante da Lei do Carma, sua trajetória evolutiva.
A grande chave da libertação do Espírito, dos grilhões do endividamento cármico é, sem nenhum questionamento, o perdão; pedir e dar... perdão! Portanto, em lugar do desejo de vingança, do mau humor, do azedume, do desamor, da discórdia, do ódio, da inveja, do ciúme, do desejo - mesmo silencioso - de que os outros “se danem”, o mais inteligente é... PERDOAR. Sempre!
Quando perdoa, o indivíduo limpa boa parte da fuligem que emporcalha sua aura, seus plexos, seus chakras, seus centros de força e seu PERISPÍRITO. De sentimentos renovados no pensamento, no sentimento e na prática do bem, a pessoa cria uma verdadeira redoma energética ao seu redor e isso impede a entrada de energias negativas, obsessores e influências que tais, no seu campo energético.
O Espírito Miramez, no livro “Filosofia Espírita, Vol. I”, psicografado por João Nunes Maia, diz que “o perdão e o amor geram um campo magnético de poderosas energias positivas, que elevam nosso teor vibratório e nos colocam fora da sintonia e do alcance do mal”.
Diante do sentimento de mágoa, quando, por exemplo, alguém se vê ofendido, desrespeitado ou humilhado, o perdão continua sendo um bom exercício para recuperação da harmonia e da frequência vibratória ideais. Em tais casos, mentalize a pessoa causadora da mágoa, imagine-se diante dela como se estivesse diante um espelho e, olhando no fundo dos seus olhos, diga, sinceramente e do fundo do coração:
“Eu te perdoo com todas as forças do meu ser; com toda a minha sinceridade desejo que você seja feliz e que tua vida seja sempre iluminada. Muito obrigado por permitir que através de você eu possa mostrar a Deus que sou capaz de perdoar e que, em razão disso, posso mostrar ao Mestre Jesus que aceito e faço uso do seu conselho de amar ao meu semelhante como a mim mesmo, fazendo a ele todas as coisas que me deixariam feliz, se ele as fizesse a mim”.
O espírito fica aliviado e a sensação seguinte será de extremo bem-estar. É o perdão exercitado silenciosamente. É o espírito de um, falando ao espírito do outro, com sinceridade e sem a preocupação de que o seu gesto de grandeza seja, ou não, aceito.
E quando fizer isso, quem o fizer que o faça por inteiro. E aqui recordamos o conselho do Espírito de Verdade, extraído do Evangelho Segundo o Espiritismo: “Deus não se contenta com aparências. Ele sonda o fundo dos nossos corações e o mais secreto dos nossos pensamentos”.
Que este trabalho, voluntário e espontâneo, possa servir de companheiro para as tuas horas de dúvida, de escada para o teu desejo de ascensão e de conforto nas tuas horas de angústia, de dúvida, de medo ou de dor.
Paz e Luz!
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Nota do Autor: Para maior compreensão e enriquecimento dos conhecimentos aqui apontados, indicamos a leitura de “Um Manual Para a Ascensão”, do Mestre Ascensionado Seraphis Bey, Mestre do Quarto Raio, da Grande Fraternidade Branca Universal. [http://luzdanovaera-fraternidadebranca.webnode.com/a-g-f-b-u-/mestres-ascensos/serapis-bey/]

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