A melhor idade
13.11. 11
Arquimedes Estrázulas Pires
Porque vejo em quem vivem além da média de idade das pessoas do seu tempo, o arquétipo da experiência acumulada, do conhecimento adquirido e da sabedoria em marcha. Portanto, uma categoria que poderia ajudar – e muito! – na melhoria da vida planetária, não fosse relegada às condições de indignidade a que amiúde a vemos relegada.
Sabendo que a existência humana não é espetáculo de um ato só, cronologicamente falando a idade física não tem nenhuma importância e não exerce nenhuma influência no nível de ser, sentir e saber, de alguém; as experiências vivenciadas pelo espírito, que é a essência do ser hominal, sim, determinam maior ou menor posição no ranking evolutivo. O volume de experiências demanda tempo e não se acumula em apenas uma viagem pelo plano da matéria sólida.
Assim, catalogar pessoas de vida longa como sendo velhas, idosas, da terceira ou da melhor idade, não é adequado, porque não somos o invólucro que em cada tempo serve de veículo ao espírito que retorna à vida física. Somos a individualidade universal personificada pelo espírito que somos; nada senão isso!
Tenho ouvido que pessoas de idade mais avançada são pessoas “da melhor idade”; qual é a melhor idade, afinal? Nas convicções que tenho adquirido enquanto caminho pela vida não há nenhum parâmetro classificatório desse atributo. Porque já consigo compreender que a melhor idade é aquela em que me comporto com mais cordialidade diante do meu semelhante, em que sou mais afeito à prática do bem, quando não me perco em divagações inconsequentes ou em julgamentos desnecessários, quando uso meu livre-arbítrio como o melhor indicador que possa utilizar para avaliar meu desempenho espiritual, a idade que me dá a necessária lucidez sobre quão imperfeito ainda sou e sobre o quanto ainda preciso melhorar meu desempenho, etc.
Enfim, estou convencido de que a melhor idade é aquela em que consigo me mostrar às pessoas como realmente sou e quando sou visto por elas como uma pessoa do bem. Independente do calendário!
Outra coisa que me faz discordar do pensador é que só pelo fato de não ter nem frutos e nem folhas não se pode afirmar que uma árvore - grande ou pequena – não deve estar presa à terra. No outono todas as árvores deixam que suas folhas caiam; é assim que preservam suas energias para renascer na primavera. Não importa se alguém as vê como mortas e não importa se ninguém se importa com elas; o fato é que renascerão e desta feita mais bonitas, floridas, produtivas e resistentes.
Conheço pessoas de extraordinária força interior que têm hoje muito mais utilidade aos semelhantes que as rodeiam, do que jamais tiveram até então. Conheço pessoas de extraordinária beleza d’alma, que só são assim por conta das folhas que deixaram cair em outros outonos da existência! Conheço pessoas que, não obstante o muito que sofreram, continuam rindo, transferindo alegria, inspirando confiança, transbordando energia e despertando vontade de viver.
Ser considerado velho é ser avaliado como coisa; e as coisas são diferentes de pessoas. As coisas não têm espírito, não sentem e não sabem ser; são só acessórios eventualmente necessários ao existir. As pessoas, não. As pessoas são – necessariamente - a própria existência! Deus fez o Universo assim.
Independentemente de que idade você tenha ou tenham os que te fazem par ou companhia, saiba que é da soma de todas as idades da tua alma que é feito o ser que você é. É de se imaginar que quem já passou por onde hoje passamos saiba sobre a estrada adiante, mais e melhor do que sabemos nós.
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