Ascensão; mas com sensatez!

Arquimedes Estrázulas Pires

            Todos já ouvimos falar na elevação moral do ser, na marcha evolutiva do Espírito, na ascensão da alma humana, no acesso à angelitude e etc.; e todos já ouvimos falar que “prudência e caldo de galinha não fazem mal a ninguém”.
            Pois muito bem; vamos fazer – juntos - uma análise circunstanciada de alguns textos que andam rodando aí pela rede mundial de computadores, impressionando muita gente e dando o que pensar a muita gente mais.
            Sabe-se que estamos atravessando um período de grande turbulência para a vida humana sobre o Planeta Terra; se não por vontade nossa, por consequência do que vimos plantando tempo e existência afora.
A esse período de alta instabilidade vibracional, geográfica, geológica e energética é que nos referimos como “Transição Planetária” ou “Fim de Ciclo”.
            Transição Planetária porque, segundo as Escrituras, inclusive o Livro do Apocalipse, da Bíblia, estamos adentrando ao tempo das grandes colheitas, quando “a cada um será dado segundo as suas próprias obras” e quando se processará a “separação do joio e do trigo”. Um acontecimento esotérico[1].
            Fim de Ciclo porque, segundo a astronomia, a arqueologia e a própria Espiritualidade que orienta a humanidade através da extensa literatura mediúnica de que já dispomos, o nosso sistema solar completa mais um ciclo em sua viagem cósmica em torno da Estrela Alcione[2], o sol central da Constelação das Plêiades e, portanto, ao cabo de cerca de 26 mil anos, estamos prestes a entrar em uma nova era. Um acontecimento científico[3].
            Entretanto, tudo isso deve nos levar à reflexão, à análise dos fatos com isenção total de ânimos, à avaliação dos acontecimentos com base nas conclusões da ciência, nas informações dos Bons Espíritos, na correta interpretação do Evangelho e na análise, meticulosa, de todas as profecias; não é um momento de brincar, iludir ou descuidar; este é tempo de “orar e vigiar”.
            Sabemos que a Terra deixará de ser um planeta escola, dessas de “ensino fundamental” e, portanto, um planeta de expiações e de provas, para assumir seu novo status cósmico de planeta que continuará a ser escola, mas agora uma escola de nível para alunos ligeiramente mais adiantados; serão os “herdeiros da Terra” seus novos tutelados e esperamos, com sinceridade, estar dentre eles.
            Para entendermos um pouco mais sobre a abordagem que desejamos fazer sobre a evolução do Planeta em que presentemente vivemos e sua ocupação pelos seres inteligentes, ou espíritos, vejamos alguns tópicos importantes das obras codificadas por Kardec:
            1 – Evangelho Segundo o Espiritismo, Capítulo III, item 19:
“Ao mesmo tempo que todos os seres vivos progridem moralmente, progridem materialmente os mundos em que eles habitam. Quem pudesse acompanhar um mundo em suas diferentes fases, desde o instante em que se aglomeraram os primeiros átomos destinados e constituí-lo, vê-lo-ia a percorrer uma escala incessantemente progressiva, mas de degraus imperceptíveis para cada geração, e a oferecer aos seus habitantes uma morada cada vez mais agradável, à medida que eles próprios avançam na senda do progresso. Marcham assim, paralelamente, o progresso do homem, o dos animais, seus auxiliares, o dos vegetais e o da habitação; porquanto nada na Natureza permanece estacionário."
2 – A Gênese – Allan Kardec - Item 38, uma das obras da Codificação:
            “As almas que animavam os humanoides viviam no Éden da ingenuidade. Não tendo ainda adquirido a consciência moral, isto é, sendo incapazes de discernir entre o certo e o errado, não eram responsáveis pelos seus atos, não sendo, portanto, submetidas a expiações.
Quando essas almas provaram do fruto da árvore da ciência do bem e do mal, isto é, quando sua consciência tornou-se madura e se tornaram Espíritos, elas foram expulsas do Éden da ingenuidade e passaram a comer “o pão com o suor do seu rosto”, isto é, tornaram-se responsáveis pelos seus atos, submetendo-se, a partir de então, à Lei da Causalidade".
A Doutrina Espírita define o “Espírito” como sendo o “princípio inteligente” da vida quando atinge o Reino Hominal, ou seja, quando a vida atinge o topo da lista dos seres componentes do Reino Animal; o que poderíamos chamar de Reino do Homem, em uma configuração mais facilmente inteligível.
Compreendendo isto, compreendemos mais facilmente o mito do Paraíso Perdido, de que fala o Livro da Genesis, da Bíblia, comparando a “expulsão de Adão e Eva do Paraíso”, como sendo o ponto em que o Espírito Humano perde a ingenuidade moral, recebe o Livre Arbítrio e passa a ser responsável pela consequência do seu próprio proceder.
3 – Livro dos Espíritos - Capítulo I - questões 100 a 113: Com ilustração obtida da Wikipédia - a Enciclopédia livre:


No quadro acima pode-se ter uma ideia de como se procede a Evolução do Espírito, através das sucessivas reencarnações. Enquanto a animalidade vai se reduzindo, paulatinamente, a consciência vai ganhando corpo e envergadura até alcançar a sabedoria e a Angelitude.
Por este quadro vê-se que quanto mais próximo do grau zero, menos evoluído é o indivíduo; ao passo que aquele que mais se aproxima de 10 é um indivíduo com alto grau de conhecimento e amor. Ou seja, de sabedoria. E depois desse nível terá atingido um grau comumente chamado de angelitude, o que, na escala espírita, corresponde ao estágio de Espírito Puro.”
[Wikipédia – a Enciclopédia livre]
Perceba-se, no entanto, que em nenhuma fonte - dentre as aqui citadas ou em quaisquer outras que se busque - há qualquer registro de que a evolução se dê de forma abrupta, como num estalar de dedos; isso vale tanto para o Universo, quanto para os seres naturais que o ocupam em cada galáxia, em cada constelação, em cada sistema solar ou em cada planeta.
E, da mesma forma, como em todos os quadrantes do Cosmo tudo está em constante transformação, com a espécie humana, seus hábitos, seus costumes, seus conceitos de moral e ética, seu habitat e tudo o mais que lhe diga respeito não poderia ser diferente.
Jamais, no entanto, de forma repentina! Não porque o queiramos, mas porque toda transformação demanda tempo e também porque, simplesmente, não há nenhum registro da história ou da ciência que ateste o contrário.
Das microscópicas moléculas que a química mostra, nascidas da ligação de átomos dos mais diferentes elementos, até os oceanos, as florestas e os organismos físicos - vegetais ou animais - tudo na Natureza busca o equilíbrio. Mas, nem mesmo esta condição é alcançada sem o cumprimento de determinados pré-requisitos, o que, compreendamos bem, sempre demanda algum tempo.
Dizem os estudiosos da ciência e alguns luminares da humanidade, como os Espíritos Ramatís, Emmanuel, Fenelón, León Denis e outros, que é de se imaginar a presença do ser hominal, sobre a Terra, em período que remonta há cerca de cem mil anos; não mais do que isso.
Em termos geológicos, cem mil anos é nada; em termos humanos, considerando que a Bíblia fala de ocorrências havidas nos últimos seis mil anos, é muito tempo.
Ramatís fala dos Continentes da Lemúria, do Hiperbóreo e de Atlântida, como uma formatação do Planeta Terra que teria deixado de existir há cerca de 40 mil anos.
Emmanuel - concorde com as informações trazidas por Ramatis - em seu livro “A Caminho da Luz”, psicografado pelo Velho e Amorável Chico Xavier, nos diz:
            “Caminheiros do desconhecido erraram pelas planícies e montanhas desertas, não como o povo hebreu, que guardava a palavra divina com a sua fé, mas desarvorados e sem esperança, contando apenas com as próprias forças, em virtude do seu caráter livre e insubmisso.
Suas incursões entre as tribos selvagens da Europa, datam de mais ou menos dez milênios antes da vinda do Cristo, não obstante a humanidade localizar-lhe a marcha a apenas quatro mil anos antes do grande acontecimento da Judéia.”
            Diante de tais citações não é difícil a percepção de que, em termos de transformação e evolução nada acontece tão rapidamente que não seja possível perceber-lhes a lentidão.          
            E, se assim é, por que razão A Fonte do Universo, a quem aqui chamamos de Deus, Mudaria o curso dos acontecimentos e Atropelaria a história, fazendo transmutações extraordinárias e modificando a vida tão rapidamente?
            É preciso lembrar que a idade da Terra é estimada em cerca de 4,5 bilhões de anos e que a ciência manifesta a ideia de que a vida, em suas formas mais primitivas, possa ter começado há 3,5 bilhões de anos, quando a crosta terrestre começou a se formar com o esfriamento do Planeta. 
            Assim, reflitamos:
Se a vida teria tido seus primeiros ensaios no Planeta há cerca de 3,5 bilhões de anos e de lá até aqui evoluiu dos organismos unicelulares ao Espírito Inteligente, e se mesmo assim ainda estamos inimaginavelmente distantes da angelitude, que razões teria Deus, então, para mudar de estratégia e acelerar o metabolismo cósmico, fazendo-nos passar, como num toque de varinha mágica, de seres humanos compostos por corpos físicos e espirituais, recém ensaiando sair das salas do aprendizado fundamental, do presente ciclo evolutivo, a seres incorpóreos e luminescentes, candidatos a habitar um paraíso terrestre ainda inexistente?
Evoluímos, efetivamente, mas ao ritmo ditado pela Inteligência Cósmica e não de outra maneira. E, a menos que eu esteja absoluta e irrefutavelmente equivocado, as notícias que à guisa de canalizações apocalípticas ou profecias de “fim dos tempos” circulam, presentemente pela internet, não devem ser aceitas incontestavelmente.
Pelo contrário, devem merecer espírito investigativo, criterioso e isento, bom senso, avaliação minuciosa e uma análise equilibrada, madura e ponderada. Tudo pode ser conforme imaginamos; mas nem tudo o que imaginamos, pode ser.
            Presentemente tem havido uma sistemática proliferação de textos, na internet, cuja autoria é passada ao público leitor como sendo de personalidades da Alta Hierarquia espiritual, como Maria Mãe, Anjos e Arcanjos.
            Até aí nada de mais, uma vez que não há nenhum impedimento para que tais Entidades Espirituais manifestem-se, através de mediunidades, por ocasião e em razão de todos os motivos que desejarem.
            O que preocupa não é o fato em si, mas a forma como ele tem ocorrido; o que mostra, lastimavelmente, total despreocupação de quem os divulga, com a identidade real dos comunicantes.
            O Espiritismo e demais segmentos religiosos espiritualistas, notadamente aqueles que se utilizam dos caminhos da mediunidade e, especialmente, o próprio Evangelho do Cristo, aconselham cautela na aceitação de mensagens tidas como sendo do “além”. Como em I João; 4:1, onde está escrito: “Caríssimos, não acrediteis em todos os Espíritos, mas provai se os Espíritos são de Deus, porque são muitos os falsos profetas, que se levantaram no mundo”.
            Amigos meus, preocupados com o “fim dos tempos” têm mandado alguns desses textos e, com uma simples análise isenta, é possível perceber, logo de saída, que não são da fonte que alegam ser; se não por outra razão, pelo simples fato de que em todos eles falta o principal ingrediente identificador de um “Espírito Puro”: a humildade.
            Nenhum “Espírito Puro” haveria de vangloriar-se, identificando-se, por exemplo, como “eu sou a rainha tal, do céu e da terra...”!
            Ademais, essas mensagens dão conta de que agora, por ocasião da Transição Planetária, as pessoas deixarão de fazer uso de corpos físicos e transformar-se-ão em Luzes cósmicas, incorpóreas, independentes, livres e soberanas.  É evidente o exagero nessa assim anunciada transformação!
            Seria preciso rasgar todas as profecias, o Evangelho de Jesus Cristo e todas as obras mediúnicas transmitidas por Emmanuel, Ramatis, André Luiz, Bezerra de Menezes, Joana de Ângelis e outros tantos mais, para acreditar em tais “notícias” de agora.
            E os herdeiros da Terra, anunciados nas oito bem-aventuranças do Sermão da Montanha onde ficariam, agora incorpóreos? E como se conduziriam os espíritos da Nova Era, se ainda não aprenderam a ser só Luz? Estaria Hermes Trismegisto, equivocado, ao pregar que “a consciência humana se expande até à Consciência Divina, mas que isso não ocorre repentinamente”?
            Sabendo-se, pelas vias do Espiritismo codificado pela equipe de Kardec, que o espírito humano precisa de um corpo físico para vivenciar e experienciar lições, ações e reações, como imaginá-lo evoluindo sem passar por tão importante fase de sua ascensão?
            Nada acontece por acaso, diz o próprio Hermes! E, se nada acontece por acaso, fica claro, então, que nem o acaso existe. Portanto, não é por acaso que estamos nesta caminhada evolutiva, vivendo, temporariamente, sobre o Planeta Terra, de onde um dia seremos convidados a ocupar outra, dentre “as muitas moradas da casa do Pai”. Que poderá ser mais, ou menos, evoluída do que o nosso belíssimo Planeta Azul. Tudo dependerá de onde queiramos chegar e de quê sementes estejamos plantando... agora.
            Estamos em ascensão e disso ninguém duvida! Mas no ritmo determinado pela nossa capacidade de aprender a descobrir os caminhos que nos levarão à Fonte. Se não, de que nos serviria o livre-arbítrio, se ao final todos seríamos transformados em Luz, com ou sem merecimento?
            Pense nisso e continue se esmerando na obra de evoluir para a angelitude. Um dia, todos teremos chegado lá.


[1] Diz-se de doutrina ou sistema de ideias baseados em conhecimentos de caráter místico ou, sobrenatural.
[2] http://templodeyris.com.br/nova_era/cinturao_fotons/cinturao_fotons.htm
[3] Que se baseia em, ou utiliza, métodos e conhecimentos de uma ou mais ciências (diagnóstico científico)

Comentários

cirolisita disse…
DESDE A PROMEIRA LETRA E VIRGULA, TODO O TEXTO É DE EXTREMA LUCIDEZ, NÃO DEIXANDO DÚVIDAS , DESFAZENDO INCERTEZAS. MAS NÃO ESTAMOS TODOS APTOS A COMPREENDER DE IMEDIATO,POIS NOS FALTA AINDA AQUELE SENSO DE DISCERNIR , ANTE TANTA REDAÇÃO IRRESPONSAVEL DE PSEUDOS SÁBIOS E CANALIZADORES OPORTUNISTAS DESSE VEICULO PODEROSISSIMO [ INTERNET].
LAMENTAVEL ENCHURRADA DE BESTEIRAS ESTUPIDAS E CONTRAPRODUCENTES.

SORTE NOSSA TODAVIA SÃO BLOGs, COMO
UNIVERSO E LUZ, ESCLARECEDOR E RESPONSAVEL.

ciro lisita.

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