A volta pra casa

16.08.2011
Arquimedes Estrázulas Pires


        Quando saímos de casa para o trabalho, para ir à escola, aos compromissos agendados, à malhação na academia, etc., sabemos que ao fim do dia teremos que retornar e, ao fazê-lo, não dispensaremos – por absoluta e imperiosa necessidade – um bom banho e uma roupa limpa, livre das marcas deixadas pelo dia que termina, pelos exercícios cansativos, pelas lições difíceis e pelas provas de fortalecimento pessoal por que acabamos de passar. E, tão mais reconfortante serão, o banho e a roupa limpa, quanto mais exaustiva houver sido a experiência vivenciada durante a jornada.
        Da mesma forma, quando chegamos ao fim de cada viagem pela vida, precisamos retornar à “casa”, no Plano Maior, onde já não será necessária a velha carcaça aqui utilizada à guisa de vestimenta; na velha e verdadeira morada, o espírito pode mostrar-se – a si mesmo e a quem mais quiser vê-lo – com toda a verdadeira personalidade que o caracteriza enquanto ser cósmico; não há necessidade de “faz de conta” e ninguém faz de conta que não o vê como realmente ele é.
        Também lá, tão maior será o prazer da volta, quanto maior for o merecimento conquistado durante os dias que por aqui estivemos aprendendo, crescendo, nos superando, evoluindo, quitando velhos débitos, passando necessários recibos, distribuindo amor, fazendo caridade, nos harmonizando, vivenciando e compartilhando amor, paz e luz.
        Da mesma forma como as roupas tornam-se velhas e rotas pelo uso contínuo, o corpo físico exige substituição periódica para que o espírito possa continuar cumprindo sua tarefa de evoluir e crescer para Deus. Sem a roupa física o espírito é apenas um ser virtual, no mundo das formas materiais.
        O egoísmo que nos caracteriza enquanto seres que de tempos em tempos voltam à matéria, não pode ser maior do que o respeito que devemos ter pelo direito de os nossos velhos pais, familiares e amigos “voltarem para a casa” quando sentirem vontade de se desfazerem do velho corpo onde cumpriram importantes tarefas e, assim, refazerem-se para uma nova jornada em condição plena de dar conta do recado novo a que estiverem determinados a transmitir a si mesmos.
        Não veja a morte física como o fim da vida; não é!
        Não imagine que tal pessoa seja o velho corpo até então utilizado; o verdadeiro ser é o espírito que vestindo tal corpo desfilou pela vida, cumpriu obrigações, reparou velhas falhas, melhorou em si mesmo, deu lições, produziu exemplos, amou, padeceu de certas dores algumas vezes, exercitou-se, compartilhou o que pode compartilhar e, tendo esculpido suas marcas em nossos corações, precisou voltar pra casa e descansar, refazer energias e então, quando lhe for dado fazê-lo, recomeçar.
        Portanto, quando a saudade triste se insinuar pelas frinchas do teu coração acostumado a amar e a querer bem, saiba que Deus também tem Suas razões para chamar de volta “ao lar” as pessoas que amamos. Lá, nas dimensões maiores da existência, também são necessárias as pessoas de bem; e se aqui nos fazem falta agora, por que não seriam choradas, no Plano Maior, enquanto estiveram por aqui, nos conquistando e nos querendo bem?
        A vida é um suceder de ir e vir, em cuja ocorrência vamos aprendendo as manhas do “ser” e esquecendo o egoísmo do “ter”. E que bom que é assim!
        Paz e Luz.

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