O fim que eu quero
15/02/2008
Estou repetindo este texto já publicado na data acima, em outra mídia, pela oportunidade e atualidade do tema. Apesar de sua roupagem aparentemente política, seu conteúdo cabe em qualquer avaliação, em qualquer situação e em qualquer setor da atividade humana
Arquimedes Estrázulas Pires
Estive lendo uma entrevista concedida pelo eminente psiquiatra Dr. Roberto Shinyashiki [foto], à Revista Isto É, à qual foi dado o título de “heróis de verdade”.
Meu tema de hoje está inspirado em uma pergunta e em uma resposta da referida entrevista:
Meu tema de hoje está inspirado em uma pergunta e em uma resposta da referida entrevista:
“ISTOÉ - Temos um modelo de gestão que premia pessoas mal preparadas?”
“Shinyashiki -- Ele cria pessoas arrogantes, que não têm a humildade de se preparar, que não têm capacidade de ler um livro até o fim e não se preocupam com o conhecimento.
Muitas equipes precisam de motivação, mas o maior problema no Brasil é competência. Cuidado com os burros motivados! Há muita gente motivada fazendo besteira. Não adianta você assumir uma função para a qual não está preparado. Fui cirurgião e me orgulho de nunca um paciente ter morrido na minha mão. Mas tenho a humildade de reconhecer que isso nunca aconteceu graças a meus chefes, que foram sábios em não me dar um caso para o qual eu não estava preparado. Hoje, o garoto sai da faculdade achando que sabe fazer uma neurocirurgia. O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso”.
Vale notar a grandeza d’alma desse homem que, mesmo sendo o único responsável por seus acertos, atribui isso aos chefes que “não lhe deram nenhum caso para o qual não estava preparado.”
Pessoas assim valem mais do que pesam!
Mas também vale a pena prestar atenção quando ele diz que “O Brasil se tornou incompetente e não acordou para isso.”
Costumo sentir um arrepio na espinha, sempre que vejo um despreparado galgando posições para as quais não tem aptidões; o resultado disso será, inevitavelmente, mais besteira!
Principalmente quando essas posições estão catalogadas no chamado Poder Público, porque é exatamente a partir daí que as besteiras ardem mais no lombo e na vida do povo.
Pessoas despreparadas passam toda uma existência, quando têm oportunidade pra tanto, imaginando-se acima do bem e do mal; pobres seres!
Ao acumularem verdadeiras fortunas nascidas – não raro! - do ilícito, da insensatez e do poder comprado, nem sequer buscam saber o que farão com tudo isso à chegada do embarque para outros planos!
O próprio Dr. Shinyashiki diz haver atendido algumas dezenas de doentes terminais que, na hora da morte, lhe puxavam pelo jaleco pedindo: “Doutor: não me deixe morrer”!
Tarde demais!
A fortuna acumulada, a celebridade, a truculência do poder ilegítimo, o ganho fácil, as gordas contas bancárias, os conchavos, a arrogância, a prepotência, o orgulho pessoal e a ardilosa capacidade de alguém levar vantagens até quando sorri, nessa hora já não têm mais nenhum significado e nenhuma importância!
Está tudo acabado; do outro lado será uma outra história!
Não é que Deus seja um cara cruel e vingativo, capaz de punir quem quer que seja; não!
A consciência pune mais do que muitos imaginam e as energias que geramos, vida afora, nos levará a lugares exatamente iguais ao resultado dos nossos feitos por aqui; não há como escapar de nada disso!
“Há o tempo de plantar e há o tempo de colher”, dizem as mesmas Escrituras onde está registrado que “a cada um será dado conforme as suas obras”.
Aristóteles, lá nos primórdios da história já dizia que “somos aquilo que exercitamos todos os dias”; em assim sendo, como é que alguém pode se imaginar grande, quando fez de sua vida um culto permanente à pequenez?
Por oportuno, cito aqui o velho Chico Xavier: ¨Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim.¨
Considerando que o futuro pode ser de apenas mais alguns segundos, praza aos céus inda nos seja possível produzir um fim mais digno e mais próximo daquilo que a Fonte espera de cada um de nós!
*** *** ***
Comentários