Leis Naturais e Espiritualidade
Texto de Ángeles Román / Tradução de: Arquimedes Estrázulas Pires Santo Agostinho, no Século IV, participou durante dez anos como ouvinte em um grupo de estudos chamado Maniqueísmo[1], onde ensinavam que o mundo era regido por dois princípios: o bem e o mal. O santo de Hipona[2] se afastou do grupo quando entrou em contato com os textos neoplatônicos de Plotino[3], que considerava o mal como uma privação do bem. Quase 1700 anos depois, o homem ainda não aprendeu com os próprios erros e continua amargando sofrimentos gerados pela civilização; apesar de todos os avanços científicos. O que é, é resposta ao que somos. É a realidade e o reflexo da psique[4] coletiva. A ignorância fundamental está no desconhecimento das Leis Naturais e da dimensão espiritual do ser humano; são as causas das injustiças que assolam a humanidade. A Natureza tende ao bem e suas Leis tendem sempre ao equilíbrio. Não dizemos que suas Leis sejam justas ou injustas, boas ou más; dizemos que suas forças sempre tendem ao equilíbrio. Os elementos da Natureza atuam sob Leis solidárias e todos os seus sistemas são solidários e interagem em benefício da sobrevivência, no Planeta e no Cosmos, pois a maravilhosa harmonia pode ser sentida e observada em todo o Universo e nos mistérios da evolução. Devemos questionar as crenças que nos recomendam e que acatamos como imposições ou dogmas, como por exemplo a que nos afirma que “o homem é fruto do meio”. O meio, além de natural é social, laboral e familiar. “O meio é produto do homem”, seria o correto. Cada situação tem que ver com cada um. Se modificarmos a nossa atitude, os que nos rodeiam também se modificarão e, consequentemente, o meio em que vivemos se modificará. O mundo é o espelho do que habita na mente dos homens e das mulheres. Se somos dignos, tornamos dignos os lugares onde atuamos. O desequilíbrio do exterior é o desequilíbrio interior. Compreender o que é a Alma, a Consciência e o Ser, é testemunhar e reconhecer a realidade do que pensamos, sentimos e fazemos. Esta consciência é a meia distância entre a personalidade e a Essência Espiritual. O ser humano, arraigado na personalidade egoica[5], mede tudo pela razão e se esquece que dispõe de outras linguagens com as quais também deve operear: os sentidos, os sentimentos e a intuição. Desenvolver as virtudes da alma, que nada tem a ver com conteúdos intelectuais, nem com dogmas ou imposições, é conectar-se com a Essência Espiritual que há em nós. Disso depende ter uma consciência que conhece e sabe que está unida ao Todo e que procura o bem comum. O mal é privação do bem, mas o homem e a mulher de bem não olham só para si mesmos; além de fazê-lo, promovem a dignidade em tudo e em todos à sua volta. Sair do “paradigma materialista” acumulativo e injusto, para um “paradigma solidário” é mudar o pensamento, “para mim”, pelo pensamento, “pelo outro”, “por nosso Planeta” e, também, é compreender que as Leis da Natureza mantém o equilíbrio para o bem. É compreender que cada elemento cumpre a sua função e nós, seres da Natureza, devemos nos abrir para o uso das outras linguagens acima referidas. O pensamento que se distancia da intenção egoísta, ouve o coração e está aberto às mensagens naturais através da intuição. Despertar é conhecer. E conhecer é... realizar a metamorfose do “Homo Sapiens” para o “Homo Spiritus”. *** *** *** A autora deste texto, Ángeles Román, é Poeta e Professora de Filosofia e escreve para o Blog http://espiritualidadypolitica.blogspot.com [1] O Maniqueísmo é uma filosofia religiosa sincrética e dualística que divide o mundo entre Bem, ou Deus, e Mal, ou o Diabo. [Wikipédia] [2] Nome da atual cidade de Annaba, na Argélia, fundada por Fenícios, provavelmente. [Wikipédia] [3] Filósofo do Neoplatonismo (205 DC - 270 DC – Egito). [Wikipédia] [4] A alma; a mente, o espírito. [Aulete Digital] [5] Ref. ou inerente a, ou próprio do ego (estrutura egoica; culto egoico). [Aulete Digital] |
Comentários
e te cansa a caminhada segura na mão de Deus e vai..."
Primo, teu blog é lindo e leva a uma grande reflexão.
Obrigada!
Beijos com carinho,
da Neyra.