A Lógica da Reencarnação

   Questões a Considerar
                               10.02.2011

Arquimedes Estrázulas Pires

Quem acredita que a vida se resume a apenas uma existência de – na média máxima – 80 anos, é capaz de acreditar, com a mesma facilidade ingênua, que alguém - por exemplo - frequente a escola durante um ano só, em classe imaginária entre o primeiro e outro ano qualquer e saia de lá com título de doutor.

No caso, de duas uma: ou o sujeito cursa a tal série em que se matricula, com péssimo desempenho, porque não sabe nada de nada das séries que deveriam precedê-la ou, o que é pior, fica boiando todo o tempo porque em sua cabeça não cabe qualquer entendimento sobre um cálculo mais apurado ou, sobre funções celulares, curva de Gauss, princípio de Arquimedes, ciclo de Krebs, teorema de Pitágoras, tabela periódica dos elementos, análise léxica ou qualquer outra coisa que faça parte da grade curricular das séries não cursadas, por mais banal e corriqueira que seja para alguém que já a tenha visto ou ouvido falar. Na existência humana as coisas também se passam mais ou menos desse jeito.

Como incutir na cabeça de quem desde a mais tenra idade ouve fórmulas prontas e dogmas que engessam capacidades de pensamento e sentimentos novos, por que de certas pessoas sabem muitas coisas e outras – da mesma família ou círculo social - sabem muito menos? Como explicar que tal criança tem inteligência esmerada enquanto um seu irmão - ou aparentado próximo - não consegue acompanhá-lo no mesmo desempenho? Como compreender que em família de admirável saúde física e mental e prole privilegiada, possa nascer um pequenino cheio de deformidades físicas, descoordenação motora ou desequilíbrios mentais?

Fora das muitíssimo bem fundamentadas justificativas da reencarnação do Espírito, como explicar que Mozart (Wolfgang Amadeus), mesmo antes de aprender ler e escrever compunha suas primeiras peças de música clássica e as apresentava à realeza do seu tempo; que aos 11 anos de idade comporia seu primeiro concerto e aos 17 já seria contratado pelos melhores teatros e casas reais? De onde teria surgido tal vertente artístico-musical e talento de tamanho destaque? Do nada? Do acaso?

Apenas para asseverar a inutilidade de tal crença, no mundo de Deus o nada não existe e “acaso” é mera muleta para a ignorância que temos acerca de inúmeras coisas.

Einstein criança
Albert Einstein, o autor da Teoria da Relatividade, de onde haverá tirado a inteligência que o fez expulso da escola, ainda menino, porque sabia mais do que sua professora? Teria sido um truque de mágica da genética de seus pais, ou a sapiência do cientista procede de outros tempos, outras vidas?

Como compreender, por exemplo, que uma criança venha ao mundo sem braços e pernas, enquanto seus irmãos dividem-se entre jogar futebol, fazer alpinismo e destacar-se nos palcos, como dançarinos clássicos?

Onde a explicação para o fato de um casal bonito, rigorosamente dentro dos melhores padrões de beleza, darem origem a um ser portador de tamanhas deformidades físicas, como no caso de Huang Chuncai, o chinês alcunhado de o “homem elefante”, que o National Geographic tem mostrado volta e meia, na TV?

Compreender de que jeito, o fato de Mahatma Ghandi haver livrado a Índia do jugo inglês, que já ia pra lá dos 100 anos de duração, sem dar um único tiro ou derramar uma única gota de sangue, usando apenas o poder da verdade, da não-violência e da mansidão? De onde a sabedoria de Ghandi, houvesse ele vivido apenas uma vez?

Que paradoxo é esse que permitiu a Barack Hussein Obama, negro, havaiano e muçulmano, chegar ao governo dos Estados Unidos da América, país dentre os mais racistas em todo o Planeta e de relações diplomáticas com nações muçulmanas, sabidamente arranhadas?

E o mais impressionante! Um menino pobre, nascido de carpinteiro humilde e jovem iletrada, agasalhado em uma cocheira de beira de estrada, na hora do parto, porque seus pais não tinham como providenciar abrigo de mais conforto, como entender que tenha sido capaz de, mesmo sem nunca ter aprendido a ler e escrever, sem que nunca tenha escrito uma única palavra, tenha tido a capacidade de falar a tanta gente e nos legar tão importante compêndio sobre a Lei do Amor e outras verdades, como o Evangelho do Cristo?

A reencarnação, além de jogar imenso jorro de luz sobre todas essas questões e tantas outras, também está qualificada como uma das mais importantes provas da Universal Justiça de Deus, que nada Faz sem que uma razão maior a justifique. Todos colhemos segundo nossas próprias obras! Nunca é demais repetir!

E se está escrito assim, que todos colheremos conforme houvermos plantado, como seria possível imaginar que alguém “furaria o esquema” e alcançaria as bênçãos de Deus, mesmo tendo vivido – até aí – uma vida torta? Seria possível, justo e adequado, apoiar tal tese na declaração do Messias, de que "todo o homem verá a salvação de Deus"? [Lucas, 3:6].

Mas é verdade que "todo o homem verá a salvação de Deus"! Entretanto, não dessa forma, evidentemente! Conforme disse Jesus a Nicodemos em Betânia, apenas e tão somente “quem nascer de novo verá o Reino de Deus” [João 3:5-8]. Significa dizer que quem passar pelo misericordioso processo das reencarnações sucessivas, aprenderá tanto e evoluirá tanto em cada uma delas, que um dia fará jus à condição de “salvo pelas bênçãos de Deus”, o que por sua vez também significa que, no mundo de Deus todos temos todos os direitos às coisas que merecemos. Não há privilégios no Universo!

Prova maior, da Justiça de Deus? Deus não passa a mão na cabeça de ninguém! Ou respeitamos as Leis Naturais, ou não fazemos por merecê-las e ficamos sem o que sonhamos ter ou ser, até que as mereçamos! Tão simples quanto isso.

É pra frente que se anda, diz o velho ditado e, com efeito, o Espírito humano NÃO regride jamais; pode até estacionar no tempo, por negligência, incúria, desleixo, preguiça ou preferência temporária pelo negativo, sombrio e trevoso. Regredir, no entanto, jamais!

Sendo assim, sabendo que toda a displicência nos faz perder tempo como quem, cansado ou desanimado, senta-se à beira dos trilhos e perde o bonde, que inteligência é a nossa, que nos permite agir tão levianamente? Somos os únicos responsáveis pelo tempo que durar a viagem que nos levará à Luz! E demorar mais pra quê, se a eternidade nos mantém abertas todas as portas e oportunidades que nos permitirão conhecimento, experiência e sabedoria, ingredientes primordiais pra quem deseja a angelitude?

Ramatis
Ramatis diz que “o diabo de hoje será o Anjo de amanhã”, numa referência claríssima de que encarnação após encarnação, experiência após experiência, conhecimento após conhecimento... nos transmutaremos de pedra bruta em brilhante, como garante Jesus na frase já citada, "todo o homem verá a salvação de Deus" [Lucas, 3:6].

Os casos citados no início deste trabalho são apenas alguns exemplos de situações e experiências existenciais que marcam, profundamente, a maneira de sentirmos a vida e as nossas convicções a respeito da existência ou não, da reencarnação.

Seria justo se, em algum dos exemplos dados, Deus permitisse que Sua obra tivesse tom de imperfeição aos olhos do mundo? Como admitir Justiça de Deus no caso de existirmos durante apenas um período de algumas horas, semanas, meses ou anos, deformados por efeitos teratológicos os mais diversos, plantados em camas ou cadeiras de rodas, sem direito a movimentos, atividades de lazer e esporte, sem jamais poder subir em uma árvore, dirigir um automóvel, andar de bicicleta, curtir uma praia, deliciar-se em folguedos infantis, abraçar a pessoa amada e com ela dançar, de olhos fechados, como embalados por sons angelicais, enquanto nossa parentela pode fazer tudo isso e muito mais?

Seria justo, da parte de Deus, que alguns poucos à nossa volta tivessem o privilégio de nascer na abastança e viver esbanjando saúde, dinheiro e oportunidades, enquanto outros, seres de Sua Criação como todos nós, nascidos à quase míngua, assistissem a vida escorrer pelas frestas do tempo, como sói acontecer, sem que jamais pudessem sentir-se ou ser felizes?

Da mesma forma como seria impossível, em uma só existência - de qualquer duração! – evoluirmos suficientemente e de tal maneira que chegássemos da rusticidade à perfeição. Nem mesmo é possível imaginar tal transmutação.

Ademais, essa história de condenação eterna para os que erram ou - em linguagem mais atemorizante - pecam, e ociosidade eterna para os que “fazem” a vontade daqueles que adulteraram as Escrituras para satisfação própria e de suas organizações, como no tempo em que indulgências eram vendidas a peso de ouro e propriedades, a toda sorte de gente, mesmo à mais errada na condução de suas vidas, não tem qualquer fundamento.

“A quem muito foi dado... muito será pedido” [Lucas:12:48]. Claro está, portanto, que quanto mais ganhamos em oportunidades, benesses, bênçãos e conhecimentos, mais responsáveis nos tornamos perante a Espiritualidade Maior, perante os nossos semelhantes e perante nós mesmos. E quanto mais aprendermos, mais obrigações teremos em compartilhar o conhecimento adquirido. É assim e não de outro jeito, que as coisas funcionam.

Quanto mais erramos, mais somos forçados a aprender os caminhos por onde se alcança o perdão; quanto mais somos perdoados, mais obrigações contraímos em também perdoar. Quanto mais conhecemos, mais responsáveis nos tornamos em não tentar burlar as Leis da Natureza porque, se o fizermos, certamente seremos cobrados; aqui e agora ou em outro lugar e em outros tempos. É a Lei de Causa e Efeito, de que fala Jesus em sua garantia de que “colheremos, rigorosamente, daquilo que houvermos plantado”.

Mas, atenção! Pedir perdão na certeza de que será perdoado e que, portanto, poderá continuar fazendo o errado na certeza de que novamente terá o perdão, é ser moleque com Deus, achando que Ele vai perdoar, indefinidamente, sem antes nos conceder oportunidade nova e o necessário tempo para o arrependimento verdadeiro e para o reparo do dano causado a outrem ou a nós mesmos! Porque quando erramos, dependendo das consequências do erro, lesamos tão gravemente nosso corpo perispiritual que, não raro, nos serão exigidos algumas centenas de anos ou diversas reencarnações para que sua funcionalidade seja restaurada e devolvida.

O Perispírito é o modelo do corpo físico que, em determinada passagem pela matéria, nosso Espírito utiliza como veículo pra cumprir ações programadas e, através delas, evoluir. Agora, de posse desse conhecimento, já é possível entender – um pouco melhor – o porquê de tantas deficiências físicas, de tantas deformidades, de tantos sofrimentos, de tantas dificuldades, de tantas doenças, tantas dores... Mas, também, através desse conhecimento é possível compreender – um pouco melhor – tantas diferenças sociais, tantas capacidades desiguais, tanto sucesso de muitos, tanta desonra de outros, tantas vitórias e tantas lições novas, dessas que nos acostumamos – equivocadamente – a tratar como derrotas, quando deveriam ser chamadas de... oportunidades.

Mas, só fazendo, sentindo e vivendo, somos capazes de nos tornar sensíveis às Leis da Natureza de Deus! Só reencarnando - inúmeras vezes! – seremos capazes de nos tornar, verdadeiramente, dignos das promessas do Cristo!

E, por falar em Cristo, vamos examinar uma questão que tem passado longe das preocupações de entendimento das pessoas que dizem seguir Jesus e tê-Lo como Mestre:

Pouca gente, dentre os que se denominam cristãos, pára ou já parou pra pensar sobre o porquê de Jesus Cristo haver sido submetido a tanta crueldade, pelos romanos, já que era um homem de Paz.

O ponto interessante dessa questão é o fato de que, sendo Jesus um Mensageiro do Cristo, seria de se acreditar que Ele não teria razões para padecer daquela forma, diante dos seus compatriotas e dos homens de Cezar.

Mas então como é que os Espiritistas, os Universalistas Crísticos, os Umbandistas, os Budistas, etc, dizem que, porque colhemos das sementes que plantamos, os sofrimentos são frutos das nossas próprias ações?

Acontece que os Espíritos reencarnam por razões diversas: a maioria, claro, reencarna porque precisa evoluir e, sendo a Terra um Planeta Escola, é um bom lugar para tal propósito, onde podem resgatar velhas dívidas e provar a si mesmos que já superaram fraquezas e antigas falhas. Mas, outros Espíritos, de hierarquia mais alta, reencarnam por missão e, estes, na maior parte das vezes não precisando mais reencarnar porque já atingiram o status de “Espíritos Puros”, como no caso do Espírito Crístico que esteve entre nós com o nome de Jesus, o Nazareno, assumem missões de extrema dificuldade. Coisas fáceis podem ser feitas por qualquer um; missões especiais, entretanto...

Embora não tenham que provar nada a ninguém, esses missionários cumprem programações que demandam sofrimentos e situações que nem sempre estamos preparados para compreender, no tempo em que vêm. Tanto é verdade que o próprio Jesus, ao prometer o Consolador ou, Espírito de Verdade, disse: “Pedirei a meu Pai e Ele mandará um Consolador, o Espírito de Verdade, que ensinará a vocês todas as coisas que eu não tive tempo de ensinar e os fará lembrar de tudo o que eu vos disse mas que vocês não estão suficientemente maduros para compreender”. [João 14:16-31]

Jesus, o Mensageiro, ou Messias, veio em missão especialíssima: divulgar o Evangelho do Cristo [João 14:24], “fazendo cumprir a Lei” recebida d’Ele por Moisés, cerca de 13 séculos antes, à qual conhecemos como Os Dez Mandamentos. Isto prova, além de outras tantas coisas que, realmente, como a isso já nos referimos, NÃO há privilégios no mundo de Deus! Jesus foi concebido, parido, crescido, criado e... morto, como qualquer mortal. E Ele permaneceu durante 33 anos entre nós como um ser mortal; como outro qualquer! A imortalidade estava apenas em Seu Espírito, da mesma forma como está nos nossos.

Até poderia ser “diferente”, se quisesse, mas Seus objetivos seriam fadados ao fracasso, se assim se propusesse. Como é que alguém que veio com a missão de mostrar ao mundo que somos todos iguais e que o Amor tudo vence, poderia ter sido concebido, gestado, parido, crescido, criado, aprendido e vivido na suntuosidade dos palácios, com a riqueza de poucos e com as facilidades proporcionadas pela abastança, que caracteriza a vida de tantos dentre os poderosos?

Jesus É humilde em seus atos, verdadeiro em seus propósitos e fiel em sua missão. Anda à pé, com pés descalços, dorme ao relento, não sabe ler ou escrever e, mesmo sendo um Enviado de Deus, em tudo age como um homem do povo. É exatamente aí que está a Sua grandiosidade, sua superioridade e sua Luz! É por essas razões que o chamamos de mestre. Só falta mesmo que seus exemplos, seus feitos e suas lições sejam seguidos, como são seguidas as lições, os feitos e as lições de todos os mestres.

Jesus, portanto, não sofreu por força de colheitas, resgates ou acerto de contas; seu sofrimento foi consequência da missão a que se dispôs e lição para toda a humanidade dos tempos que viriam. De um jeito simplista poderíamos comparar as condições em que ocorreu a missão de Jesus Cristo, com o gesto de quem – diante de perigo iminente – se jogue na água pra salvar alguém em risco de afogamento; sabe que poderá sucumbir, mas o faz por amor ao próximo.

A crença em “condenação eterna” e em “castigos de Deus” precisa ser abolida do pensamento humano. O Espírito busca caminhos, situações e meios de evoluir e – para tanto - precisa fazê-lo em segurança, sem sectarismos religiosos e sem os dogmas frustrantes, que induzem à preguiça de pensar e apenas satisfazem pessoas e instituições que em lugar da Verdade da Criação, optam pelo “faz de conta que é isso, acredite e sossegue o facho”.

Aqui, algumas Citações evangélicas que mostram, com fatos, registros da reencarnação: [Mateus 11:8 -15, 16:13 -17 e 17:10 -13], [ Marcos 6:14-16 e 9:10-13], [Lucas 9:7-9] e [João 3:1-12].

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