LÍDERES


Líderes

Arquimedes Estrázulas Pires

          Líderes, não importa de quê, deveriam – todos eles! – habituar-se ao exercício sistemático da humildade; porque nada é mais patético do que alguém que deva influenciar comportamentos fazê-lo com ares de insolência e despotismo.

          Professor ou magistrado, empresário ou delegado de polícia, político, religioso ou o que mais seja, figuras de destaque em uma sociedade humana em transformação e - por isso mesmo - carente de motivações que a impulsionem no sentido da elevação moral e da aquisição de hábitos capazes de gerar comportamentos e posturas éticas e positivamente exemplares, precisam dessa consciência para que se orientem no melhor agir.

          O conhecimento, o dinheiro, a posição social e a despensa cheia são irmãos e compartilham, em tese, o mesmo objetivo: servir à satisfação de necessidades de alguém; nenhum deles terá qualquer valor ou sentido ficando restrito ao domínio de quem o possui!

          Um homem público será tão mais admirado, quanto mais competente e simpático se mostre a toda gente; a autoridade policial ou o magistrado que executa a lei com firmeza, mas com brandura, será sempre respeitado e não temido; quem é temido só o é de corpo presente, ao passo que aquele que é respeitado o será e até mesmo na distância.

           O filho que respeita o pai será – seguramente - um bom exemplo de comportamento! Já aquele que o teme...!!!

          Nesta citação justifico minha discordância ao “ser temente a Deus”; respeitando-O estaremos sempre mais sintonizados com o sentido do Amor Total.

          Por extensão, o mesmo conceito pode ser aplicado aos membros de qualquer segmento da chamada sociedade organizada.

              Não há outro jeito de falar de liderança, mesmo juntando todas em um só tema, do que mostrando as qualidades e as virtudes que devem compor a personalidade do líder.
Um líder religioso, por exemplo, independentemente do segmento filosófico a que pertença, só será grande se grandes forem suas virtudes. “A cada um será dado conforme as suas obras!” [Mt 16:27]

          Arrogância, prepotência, soberba, truculência, ameaça, rancor, ódio e desejos de vingança, pra citar apenas alguns dentre muitos, são sentimentos que em nada combinam com o perfil de quem se diz um homem de Deus!

            Grande não é quem assim se descreve, mas quem mostra grandiosidade nas coisas que diz e que faz; Jesus, o grande Médium do Cristo jamais possuiu bens materiais e jamais avocou para si qualquer poder, no entanto, o que disse e o que fez testemunharão “ad eternum” por Sua grandiosidade. “Portanto, o que falo é justamente aquilo que o Pai me mandou anunciar.” [João 12, 50]

          A humildade se assemelha à seiva que escorre por entre as fibras de um tronco arbóreo; nem sempre é percebida, mas sabemos que está lá porque é ela quem confere beleza ao corpo que a contém. Uma árvore sem seiva é um tronco seco e feio; como uma pessoa soberba.

           Da mesma forma como a humildade, os sentimentos de amor ao próximo e de caridade são fundamentais ao espírito humano. Não porque as pessoas que os demonstrem sejam mais simpáticas e mais agradáveis ao trato, mas porque quem os pratica com naturalidade já rompeu as barreiras do primitivismo animal; já tem luz própria.

                O Homem de Nazaré nos presenteou com a mensagem do Cristo, o substitutivo total das tábuas mosaicas, que nos fundamentos de “Amor a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos” simplifica os Dez Mandamentos e elimina a chamada “Lei de Talhão”, a do “olho por olho e dente por dente.”

             Quem ama a Deus e ao próximo - pra valer! - jamais fará a quem quer que seja, coisas que não deseja lhe sejam feitas; e assim não haverá inimigos, desafetos, desavenças, rancores, mágoas, ódio e, consequentemente, estarão estabelecidas a Paz e a Luz. Aí está a singeleza da mensagem do Cristo, materializada no comportamento autêntico, simples, claro e justo, de Jesus, o Grande Mestre Portador do Evangelho.

              À medida que crescemos em conhecimento e nobreza interior, sintonizamo-nos com mais naturalidade a essa beleza cristalina da Boa Nova; o Evangelho do Cristo é o modelo comportamental que elimina as arestas primitivas das relações entre nós, a Natureza e os nossos semelhantes, tornando suaves e harmônicas todas as facetas dessa convivência; inclusive com o plano invisível.

          Uma boa parte das igrejas ditas cristãs costumam ancorar o ensinamento que transmitem aos seus seguidores, no fatalismo do “fogo eterno” ou da “inatividade celestial”, quando na verdade, à luz da “Terceira Revelação” e do que a abundante literatura espiritualista nos proporcionam saber, o fatalismo inexiste e sempre é possível retomar a marcha evolutiva em qualquer ponto da caminhada.

           Ramatis, Secretário da Fraternidade da Cruz e do Triângulo, no Plano Etéreo, diz que “o diabo de hoje será o anjo de amanhã.” Uma certificação de que através das reencarnações sucessivas a Justiça de Deus se estabelece e cada um de nós, espíritos criados “à Sua Imagem e Semelhança”, vamos evoluindo, paulatinamente, através das experiências e do conhecimento que acumulamos através do tempo.

           Essa certeza também sepulta, definitivamente, a ideia do fatalismo que joga no inferno ou põe sentado sobre alvas nuvens, num paraíso fantasioso, no mais absoluto sedentarismo e para toda a eternidade, o ser humano que deixa o corpo físico pelas mãos da “terrível morte.”
Já passa da hora de o espírito humano reconhecer sua natureza divina e abrir os olhos para a necessidade de elevar-se; se o futuro é a angelitude, parar no tempo é desperdício e retardo.
Abreviar o tempo da caminhada é coisa que está ao alcance de cada um; neste caso a opção pelo melhor caminho é fundamental!

             Por vezes as escarpas interpostas à marcha, não obstante o esforço extra que exigem, encurtam a viagem e fortalecem o caminhante.

          Para cada ocorrência verificada ao longo da grande viagem há um propósito de Deus, sempre Justo em Seus desígnios.

          Não somos seres criados para a solidão e o individualismo; somos seres sociais, carentes de convívio e sedentos de experiências coletivas e de conhecimento; caminhos obrigatórios para a sabedoria.

           Da diversidade de situações e dos níveis diversos de desenvolvimento pessoal surgem as oportunidades de aprendizado; e da construção da capacidade individual de convivência com “quem não pensa como eu”, nascem as oportunidades de crescimento individual.

          É a Justiça de Deus se fazendo presente no desenrolar do tempo, trazendo em seu bojo o desenho dos preciosos instrumentos de elevação espiritual em todos os sentidos: o verdadeiro sentido do “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.” [Mc 12, 28b-34]

          Não há como imaginar a Justiça de Deus sem o amor ao próximo, sem a caridade, sem o esmero em se parecer com o Pai e sem a reencarnação!

          Inúmeras correntes filosóficas e religiosas, como mais recentemente o Universalismo Crístico, trazido até nós pelo excelso espírito Hermes, através do medianeiro Roger Bottini Paranhos, nos dão a dimensão exata dessa nuvem cinzenta que tem bloqueado à humanidade terrena o acesso às verdades existenciais; por interesses os mais diversos e por conveniências meramente conceituais. Essa nova vertente filosófica abre caminhos, olhos e espíritos, para velhas verdades somente agora passíveis de compreensão pelos espíritos da Nova Era, preparados para desvendar o enigma do Sermão do Mestre, na citação de que “os mansos de coração herdarão a terra.” [Mateus 5.5]

           Mas é preciso acordar!

          Não é possível que sigamos atrelados à corrente dos aflitos que sentem-se devorados pela idéia do pecado e vêem Deus como um Pai tirano, cruel e vingativo, que não perdoa deslizes e beneficia com privilégios. O Criador é muito maior do que a presunção de alguns desses arautos do dogma, que ensinam o medo e vendem ilusões!

          Ilusões como o “rebelde” satanás e os Anjos da Gênese; jamais houve um “Lúcifer” e jamais qualquer anjo foi criado como tal; Deus seria parcial, se assim o houvesse feito.

          Se todos fomos “criados à imagem e semelhança de Deus” e dispostos universo afora, distribuídos pelas “muitas moradas da casa do Pai”, tendo como objetivo o aprendizado através da experiência vivida e a viagem inimaginável rumo à perfeição, como é possível imaginar que o Deus Justo pudesse haver criado seres de luz, prontos para assessorá-lo, sem submetê-los, primeiro, ao necessário caminho de aquisição da sabedoria? Que sugestões iluminadas seriam capazes de dar-Lhe, se eles próprios, nesse caso, não teriam nenhuma, porque ignorantes e inexperientes?

          Se já houvessem sido criados sábios seria um privilégio e, na Justiça de Deus, não há e nem poderia havê-los.

          A sabedoria pressupõe conhecimento e este, obrigatoriamente, aprendizado através da experiência! Todos seremos anjos; mas “há o tempo de plantar e o tempo de colher.” [Ecl. 3: 1,2]

          Allan Kardec, o codificador do Espiritismo nos diz, no livro ”A Genese”, capítulo 11, questão nº 33, textualmente, que: “sem a reencarnação, não se explicaria o progresso incontestável pelo qual vem passando a humanidade desde os tempos primitivos até os dias atuais.”

          A seara é infinita e aos poucos vamos colhendo o que plantamos; podemos plantar tudo aquilo que o nosso livre-arbítrio permitir - e ele permite tudo - mas precisamos ter consciência de que só colheremos daquilo que houvermos plantado!

          Assim, os líderes, ou quem desejar sê-lo, devem mirar-se em seus próprios exemplos e daí extrair as razões que justifiquem seu desejo; bons exemplos são sempre bem vindos e a humanidade carece deles sempre mais.

          Os tempos são de separação do joio e de aproveitamento do trigo. [Mateus 13.24-26]

           Nosso Planeta precisará – e muito! – de campos dourados, de trigo limpo, para que a alma humana nele presente possa alimentar esperanças e garantir o futuro de Luz de que falam as Escrituras!

          Os mercadores da fé, seguramente serão sempre líderes indignos de confiança; ainda que arrebatem multidões serão sempre o joio esparramado sobre o trigo pouco que restou da safra mal aproveitada; é o fim de mais um ciclo e mais do que nunca é indispensável agora o “orai e vigiai” [Mateus, 26,41] pra que aprendamos a descobrir dentre eles, quem mereça confiança. [Mateus cap. XXIV, vv. 4, 5, 11 a 13, 23, e 24; Marcos, cap. XIII, vv. 5, 6, 21 e 22]

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